O olhar de uma canção

Teu olhar firme e azul é o olhar de uma canção. A força que há no teu infinito olhar de anjo sobressai-se entre todos os olhares. Olhos tão belos e profundos, da cor das águas do oceano de alguma ilha paradisíaca. Nessas águas eu mergulho sem medo de ser feliz. Olhar e canção. Lento e docemente observa os meus movimentos através das nuances do meu corpo a bailar sereno.

Olhar de volúpia. A verdadeira tentação dos anjos. Olha-me e mergulha dentro de minha alma em um instante noturno. Acende de desejo minha pele lasciva. Provoca arrepios. Teus olhos azuis emanam luz, criam música e me vêem além de mim. Tão tenros eu diria e, até eternos quando surge a madrugada em algum lugar no alto da cidade dos anjos. Absolutamente nada pode arrancar-me dessa magia cigana.

Em cada olhar teu nasce uma canção. Não há palavras para exprimir a sensação de todos os meus sentidos. Apenas um momento de silêncio e a paixão ganhou asas nas curvas intrínsecas de uma estrada longa e estreita. O caminho da perdição no jogo do amor. Código secreto de dois amantes abençoados pelos arcanjos celestiais. As canções do teu olhar tentador rasgam-me por inteira, como cortinas de flores no vento anunciando uma tempestade de Vênus. Olhares e janelas abertas. Mausoléu sagrado dos deuses. Pura liberdade.

Teu nome é de arcanjo. Tua boca é de Apolo e o olhar exprime uma canção ancestral. Brisas selvagens ressoam através dos sinos e lembranças distantes. Há muitos séculos, em algum lugar, dentro do inconsciente a música cigana soa. Tua alma flui, respira a beleza viva de uma flor de lótus na beira de caminhos que levam ao céu. Há um caminho para os céus? Escadas flutuantes e amor platônico cantado em versos?

Talvez quando a tua pele tocar a minha eu possa recordar-me de um passado tão presente e visceral. Quer permitir-se a sonhar comigo? Feche teus lindos olhos da cor do pecado e abra as tuas asas. Voe comigo. O céu não é o limite e a relva acolherá nossas sinceras intenções. Haverá um novo amanhã no nosso secreto paraíso. Ir-se-ão cantar os anjos nas estrelas. Rosas colher-se-ão ao desabrochar das nossas noites ancestrais.

Verônica Partinski
Enviado por Verônica Partinski em 03/08/2009
Reeditado em 04/08/2009
Código do texto: T1733873
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