Palavra navalha
Sob uma esplendorosa e peculiar visão da via-láctea eu deixo que minha mente teça a descrição da palavra-navalha que eu ouvi de ti. Palavra cujo corte sangra a alma. Contudo, também ela tem um tempo de sono, um tempo que traz a ilusão da cura. Mas, eis que do sono desperta e fere, e sangra, como no dia em que foi dita. A imagem dos lábios que a disseram novamente, e novamente, e novamente...
Deixei por um momento que a dor se confundisse com a própria vida, até que a vida desejasse esvaziar-se de si, para deixar de doer. Sob a via-láctea é forte a lembrança de que afinal, dói viver.
Ferida, a alma agarra-se a culpa de ser quem é... mas, não há solução para isso. Verdades de uma solidão despertada pelo golpe de uma palavra-navalha. Golpe que se alimentou na espreita, que se formou na tocaia...
O desamor é injusto e injeta sangue nos olhos....
Tua imagem ficará em mim como a de quem usado pela inconsciência mecânica da mesquinhez e da cegueira do egoísmo carrega o cutelo do desamor. A imagem de duas rosas em uma das mãos.... e da palavra-navalha escondida na outra.
O desamor é injusto e injeta sangue nos olhos... Porém, desmancha a máscara...