Tens outra (claro que tens outra). Será mais bonita do que eu? Mais alta, mais magra, mais triste (mais tu)? Também te impacientas e te exasperas, enquanto lhe forças o fecho emperrado da saia travada? Igualmente se te atrapalham os dedos, ao desapertar-lhe o soutien? E ela, morde os lábios como eu quando, torturada, a olhas com demora e de longe, sem sequer lhe tocares? E retrai-se as pernas arrepiadas de surpresa, contorcendo-se de cócegas e de falsos pudores, a cada mão tua que a entra? Tapas-lhe a boca quando, dependurados ambos nos benditos altares do prazer, ela grita, impedindo-a de acordar os vizinhos? Ao descaíres por fim sobre as suas ancas suadas, regurgitas-lhe o meu nome, como um pedaço de vida por cumprir que tivesses encravado na garganta, ou susténs dentro de ti o engasgo de cada sílaba enviesada e esperas simplesmente que eu te passe?
Um amor atrevido, escrito por A
Um amor atrevido, escrito por A