Escorpião
Não temo tocar-te...
> Por mais que tudo em você me indique "perigo"
> Nem temo tê-la próxima de mim
> Por mais que o risco seja grande
> Por que ainda que seja eu ferido ou picado
> Ainda que receba essa inevitável ferroada
> Gozarei o momento que antecede à morte
> No delírio do torpor do teu veneno...
> Quando ele, entrando em minha carne
> Fizer meu corpo então já febril e ébrio por vontade,
> Tornar-se lânguido e ofegante....
> Ai! sim...como seria doce o sabor desse teu veneno,
> Que por mais amargo dentro de mim, como fel
> Em meus lábios, sentiria o doce do mel,
> Se como ultimo ato, teus lábios fechassem os meus num beijo.
> Não, eu não temo mais me perder...
> Se os labirintos de que fala, forem os recônditos do teu corpo
> Os espaços da tua pele, que eu percorreria lentamente.
> Mas não quero a chave, pois sei que essa, ao contrário do que dizes...
> Me libertará...
> Então como posso querer tornar-me ciente do "segredo"
> Se é justo este, o que me prende a você.
> Ainda, são em mim limitadas, as palavras que digo a você...
> Ainda são dosadas, por não saber até onde me deixa ir
> Mas ainda assim, as lanço bem alto no vento
> Pode ser que ecoem, no teu pensamento
> E mais uma vez, possa encontrar teu prazer.