[Da Oitava de Schubert... ou danem-se os títulos!]
A insidiosa recorrência: aquela visão de Peri!
O velho cão tem o seu sono estremecido
Por sonhos da plenitude das suas forças;
Vejo-o caído sobre as flores azuladas,
E me lembro dos dias melhores,
Aqueles em que ele corria
Adiante do meu cavalo
Para trazer à trilha,
A rês tinhosa, fujona -
Por ora, ele fica, eu sigo -
Corri o mundo - para quê?
[Interrogo o tempo:
Por que tanta vaidade,
Tanta idéia de continuidade,
Se a vida é uma sina,
E a morte é o destino?]
De quantas maneiras
A imagem desse cão há de voltar,
E quantas vezes, até que eu morra?
Ah, a efemeridade da vida - revolta -
Se era para ter o gosto da morte nos lábios,
Para ter a morte nos olhos, para que nascer?
Não é nada, não é nada, são apenas
Efeitos deletérios da Oitava de Schubert...
Outra vez, é isto - Minas não vai ser nunca mais! -
E até a próxima visão de Peri, caído,
Já sem forças para buscar a rês escapada!
Ah, mas quanto eu cair, me lembrarei de Peri,
E voltará, espero, a clara visão dos dias antigos,
Sob os acordes eternos da Oitava de Schubert!
Ou não?! Não... não voltarão aqueles dias,
Pois o que morto está, não evolve!
[Penas do Desterro, 31 de julho de 2009]