SENHORA
Senhora habitante do meu ser,
Querer, vontade que não se esgota,
Saciada da sede que perdura,
Não vence nem se entrega.
Senhora condutora de homens mar adentro,
Qual Argonautas outrora navegaram oceanos,
Águas amigas e traiçoeiras em instantes transformara,
E na proa que navegante terra a vista não tinha,
A procela com ajuda da senhora vencera.
Quem és senhora que a tantos tempos idos a ti dedicaram,
Poemas, músicas e oferendas,
Outros que antes deste fizeram,
Deusa, musa ou amada.
Senhora tão citada e desconhecida,
Trazeste e levaste Dante e Ovídio,
A percorrerem por terras ignoradas,
E vencidos os três níveis da jornada,
Lá encontraram o prêmio quando vencidos o medo e o cansaço.
Ah! senhora que a muitos aparece e não se apresenta,
Desvendada em canções e letras,
Conhecida se faz apenas em músicas e poemas.
Então nada resta senão a agratidão,
Pelo tempo a ti dedicado,
E queiram os bons fluídos possam,
Ter como paga muito obrigado,
E assim humildemente me despeço.