A poalha do tempo
Meus olhos estão cobertos pela poalha do tempo.
Com ceitil, quero pagar promessas escusadoras;
Amores impagáveis;
Viagens não feitas.
O carvalho, antes semente,
É específico no que deseja:
Nada deseja.
Perde-se, então, o sentido.
E o que poderia haver é somente o que há;
O que um dia foi.
São olhos de liberdade os que não mais enxergam.
A poalha do tempo é o meu núncio:
Carrega-me pelo mar da vida;
Olha-me e eu não a olho.
O que tem sentido é o que há;
O que houve;
O que será.