[Quem me Sentiria]

... E na verdade, depois de tão longa caminhada,

que sentimento se desenha na minha fisionomia,

na monotonia sem cor deste meu apagar das luzes?

Se me é dado manifestar alguma insegurança,

terei ainda dúvidas acerca dos meus sentires?

O tempo teria arrancado de mim aquela ousadia

de pretender ter certezas, verdades?

O que é feito de mim, que passei a confundir,

neste meu corpo ainda não tão cansado,

a pira acesa de desejos com a calmaria de planícies?

E se algum sentimento se expressa em minha face,

quem poderia percebê-lo... se estou só, se me sinto só?

E por que tenho esta preocupação,

ou esta necessidade descabida

de ser sentido por alguém? Carência?

Perguntas, só tenho perguntas,

e a única resposta cabal é a morte!

Quero apenas, em luz calma e suave,

pousar os meus olhos castanhos

na beleza que desfila na minha tela,

sem futurar, sem nada esperar,

afinal, se não sei para onde vou,

então, nem me importa o caminho —

rédeas soltas! — que o meu corpo

triunfe, enfim, sobre a minha,

E também sobre a tua razão!

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[Penas do Desterro, 25 de julho de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 25/07/2009
Reeditado em 10/07/2012
Código do texto: T1718828
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