Espera.

Ei! Aonde vai? Não, fique ai só mais um pouco. Não vê? Estou chegando. É. Juro. To indo ao seu encontro. Eu sei, eu sei. Difícil de acreditar depois de tantos ventos, mas já consigo sentir teu cheiro, de tão perto que estou. Sente não? Acredita no que eu falo, Amor. Eu tô chegando. A verdade é que eu cansei de ficar desenhando do lado de cá as nossas histórias não vividas, assistindo você do lado de lá. Cansei de imaginar como seria nosso [re]encontro e de sair colorindo todas as ruas dessa minha cidade em busca de vida fácil e mundana, só pra tentar me esfriar de você. Cansei também de ser puritana. É que as faíscas que saem da gente, já me consumiram por inteiro. E dá até medo, por vezes. Porque é tão quente essas nossas palavras mesmo estando longe, que fico a imaginar como seria olhar nos olhos teus mais uma vez. Puro fogo. Desejo meu juntando ao desejo teu. Existe alguma coisa, uma espécie de ímã, que une nossas almas, só pode ser. Que transforma qualquer sorriso em pecado. Que me faz esquecer de todas as regras, e pular todos os muros só pra contornar todas as suas curvas com os dedos meus e sentir de novo o gosto da sua boca. Sua pele desfaz qualquer amenidade e tira o meu sossego. Me faz te querer depressa, sem muita conversa. Só me olha e deixa que o resto, não vou mais impedir. Nem consigo mais. Essa poesia nua que a gente tem, que fica voando sobre nossos pensamentos, mesmo com todas essas inconstâncias (leia: distâncias e covardias) das nossas vidas, só me fazem te querer ainda mais. Um querer desgovernado, insano, ardente. Uma vontade de cair nos braços teus e nunca mais sair, mesmo sabendo que esse aconchego não durará mais que algumas horas. E quer saber? Nem me importo mais com o tempo. Já te quis pra vida inteira. E já sofri por nem ter. Hoje te quero pra me saciar. Só pra me embebedar com teu suor. Pra me desfazer inteira e ficar satisfeita, até bambear as pernas. Porque já sei que você vem comigo pro resto dos dias. Nem adianta fazer cara feia. Você bem sabe que a gente se tem pra todo o sempre. Então, relaxa. Já to mais perto. Consegue me ver agora? Juro pra você que eu vou. Dessa vez eu vou. Sem medo, sem pudor algum. Juro. Deixei [pudor] em casa no dia que as palavras se encontraram enquanto nossos corpos não podiam se ver. Não preciso mais vestir fantasia pra te encontrar, posso ficar nua que nem tenho vergonha. Posso me apresentar sem maquiagem, com cara limpa pra você. E é assim que vou. Então, se prepara. Porque não to falando mentira. Aliás, nunca menti pra você, sabe disso. Tô chegando, Amor. Nem eu mesma acredito. Xô contar dos meus anseios? Quero nossos improvisos mais bonitos, pra agora. Nada de depois. Já vejo você, lindo. Agora vem cá. Me dá um sorriso malicioso e um olhar de menino que eu só quero me perder inteira no corpo seu.

Glau Ribeiro
Enviado por Glau Ribeiro em 25/07/2009
Código do texto: T1718512
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