O maior deserto situa-se na geografia do meu corpo,
Não neste corpo que aos teus olhos apresento,
Mas, nestes outros corpos, que se escondem na casca do verniz,
Tenho este brilho, que mais que belo é infame e tortuoso,
Tu me vês e no ver esta o prazer de quem olha,
O deserto a que denomino; minha mente,
É árido, e mesmo assim povoado;
Inúmeras espécies
Neste chão seco, aglomeram-se e fazem...
Fazem de mim um ser ignóbil, travestido por uma casca
Que morre lentamente perdendo a cor e o viço,
E na morte que se dá por vicio secular,
Terei paz e descanso?
Sou o que combate! Deus é em mim a ação
Dono e proprietário de minha razão
Não aceito a morte de mentira,
Quero a morte que me redima,
Que extraia desde as raízes as feras que escondo
Neste deserto que quero vivo e sementeiro!
Não me encanta o encanto das palavras,
Que tem enternecido até mesmo o inferno
De onde a raiz deste meu desencanto, já se rompeu!
Na dureza dos meus olhos as janelas abertas
Duas portas para o céu!