TEMPO DE CASA

O velho casarão está vazio, sem cor.
Passeando pelo seu silêncio
Busco em vão um veio de sangue
Ou, um vestígio do suspiro d´alma

Nas escadarias e dependências
Deste raro casarão, o ar é frio.
E a sombra assustadora diz vencida:
Aqui jaz,... seu casarão!

Meu primeiro raio de luz cai sem misericórdia
Sobre a impassibilidade da sombra selvagem.
Armas da paz estão na flor de minha pele
Abraçadas ao poema afetuoso.


O sol da varanda acalora
O coração da velha casa.
A noite é tombada. Ah, pobre noite,
De tão cansada, desmaia!

Uma prece me nasce lúcida
Ao resplandecer da lua garbosa,
As pestanas das janelas em prosas
Ganham vidas cintilantes

Meu coração inventa cantigas
Que num sopro agudo se abre em flor
Despertando a obra do antigo casarão. Agora sim,
Revive na beleza forte, para sempre: Amor.
Lúcia Borges
Enviado por Lúcia Borges em 25/07/2009
Reeditado em 17/05/2016
Código do texto: T1718306
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