O Ser e a Fera
Nesses raros momentos –
Sob o sol;
Entre o vento –
Há um tempo,
Minimamente não sedento,
Onde vejo o ar;
Vejo-o denso:
Suspenso, estou ao calar da atmosfera.
Tem uma fera que espera
Para que seja solta,
Para que vire outra;
E que não mais fuja.
E não suja
Minha boca com pequenas palavras.
Dêem asas,
Porque a fera – sob o sol e pelo vento –
É algo extenso.
É a mim que me deve algo;
É sob mim que despeja afago,
Entretanto não de um ser que chora –
E como adora, falar por parênteses –
Todavia de um ser que suspende o momento, no relento,
Sob o vento e denso.
E, fera que é,
O é o eterno
É.