Feminino, em goles...
O vento sopra forte... A chuva cai de mansinho... O dia, em curvas lentas...
Percebi cada dito... Olho em volta, como quem vê a vida em um caleidoscópio quebrado... Mais imagens... Mais cacos...
O verdadeiro sentir... O retribuir ao infinito aquilo que ele diz nas entrelinhas... Ser mito.
Temos tanto a aprender... Temos nas curvas o desejo alheio... Temos nos seios o arrepio de frio e de calor... Assustador!
Nossos corpos, em fino lenço... Somos o encanto e o aconchego...
Há tanto o que fluir... Em versos... Em cores... Em dança-cigana... Em mantras e faces rubras... Nossos lençóis de artimanhas... Nossas manhas... Nossas manhãs...
O ventre que acolhe o destino... A cólica de um nascer em apertos-útero... O vulto... O pulsar do músculo... Sexo côncavo, convexo gemido.
O coração dá a partida... De uma circulação aos galopes... Somos fortes...
Sentimos tanto... Sentimos muito...
Pedimos apenas a verdade... Por quê? Eu não sei. Se sabemos as respostas falhas... Se intuímos cada mentira... Se observamos o mudar das faces...
Mas, pedimos... Olhamos... E constatamos com olhos de Capitulinas...
Sabemos corroer a alma alheia, com palavras que ditam apenas o cuspir da boca... A alma é traiçoeira... Envolve-se e lambe-nos como areia...
Eu pedi ao mundo para ver com olhos-de-águia a vida... Sei explicar-me como ninguém... E posso alimentar tantos corações... Quanto convém...Posso respirar, sem os pulmões... Ir além.
Olhei o dito... Sei que as palavras são o doce-amargo mais ofuscante...
Somos iguais... Embora, semelhantes... Diamantes... Brutos... Lapidados... Esculpidos pelos sentimentos... Escarrados.
Ouça-me com atenção, minha parte. Somos o eu e tu... Dualidade.
Meu corpo arrasta o olhar alheio... Meu corpo é semente de outros... Nascimento... Sou aquilo que serpenteia os discursos... O pé atrás de alguém que Eu puxo...
Sigo as estradas, sem muita certeza... A fogueira foi a decisão...
Não há como impedir a feminina explosão... Sou o vértice das aves...
As asas da constelação...
Não somos a Lua... Nem a Terra... Nem o ar que respiras...
Somos guiadas por tudo... Somos a bússola-direção...
O mar nos engole em dança... As vestes grudam ao corpo... Os cabelos cobrem os mamilos de um precipício... Perder-se-iam todos os náufragos... Enlouqueceriam todos os sãos...
A moça, na janela, era eu... Em espelho repartido em cores...
Perdi-me em versos para falar do poder feminino... Imensidão.
09:59