foto/lilian reinhardt
 sabugueiro/torsos

       IMEMORIAL/NO JARDIM DE SOFIA/zocha


Na varanda do meu cansaço
acudiu-me os braços do poema
e já não sei por que no lugar dessa igreja ortodoxa
não deixaram aquela capelinha antiga
a praça continua vazia  com seus mortos de bronze congelados.
o bar do Lico sempre pintado de verde e vermelho /terríveis cores /das paixões humanas  de Van Gogh
abre e fecha  kantianamente,
lembro-me de que Kant sempre saia
à mesma  hora da tarde todos os dias para caminhar
e as pessoas podiam guiar-se por  seu fuso horário
O fastio do mesmo  conduz a outros
a Igreja nova parece um Zepelin aqui pousado frente a praça
no lugar da antiga capela 
com seus nichos de corujas
e teares de tropeiros
Meu sabugueiro anda ressentido da friagem que por aqui faz e assim jazz
mesmo assim umas rolinhas ontem espiavam pela janela da cozinha o meu inverno
Como é belo com esses seus troncos
meus fantasmas escrevem nele
Não sei porque o belo me fascina com sua angústia
A panela de pressão tá cozinhando pinhão
é inverno  de folhas caídas
A Frase quando termina é porque talvez nunca tenha começado,,,


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