Sentir

Talvez ontem eu não usasse palavras -

Ou deixasse significados incultos em minhas linhas.

Mas, certamente, sentia.

Não o que hoje sinto, ou que irei sentir;

Todavia um sentir imenso.

O vento, pela rua cheia de poeira e lixo,

Batia-me o rosto com uma intensidade absurda;

As gotas d’água - aos céus - eram o oceano da terra.

A vida movimentava-se extremamente devagar.

O carteiro em minha rua era mais que carteiro;

Era a esperança de uma nova notícia.

O que destruiu-me não sei.

Realizo somente uma faísca daquilo que fui, em meu coração -

E aqui não sou pessimista.

Digo que ela, a faísca, renasceu – exato, não existia mais!

Percebo-me

Como antes percebi.

Vejo que, aos poucos, sinto o que fui junto ao que sou;

E o Ser humano parece-me belo e inexplicável.

Como deveria ser...

Como há de ser.