Lenhador

Todos têm nas mãos o destino...

Sabemos que cada atitude trás algo avesso... Temos tanto conhecimento das dualidades... Das máximas.

Por que surrupiamos sentimentos?... Por que fazemos sofrer, se não amamos?... Acordei pensando nisso...

Quantas palavras soltas... Dizer o mesmo discurso sem valia... Acordar a Lua... Beijar a Terra... Vampirizar o outro...

Criar a mesma floresta... Ser o mesmo lobo...

Alguns precisam disso... Alimentam-se... Não conseguem sair da trama na qual se enroscam... E seguem desamarrando laços... Apenas para comer com os olhos as imagens que guardam...

Acho que preciso de férias... De comer a fruta no pé...

Ando cansado de tanta mentira... Ando sem paciência para tanta falsa existência...

Acordei pensando em todas as marias... Aquelas que saem cedo para o trabalho... Aquelas que circulam a casa, a rodear as suas sementes...

Às vezes, silencio... Não quero escutar o que dizes... Porque sei, que no instante seguinte, o amor será dito de outra forma, para outro disco...

O cansaço toma conta... Não acredito em milagres, mas acredito em máscaras que caem...

Ouço a voz das marias... Elas choram, noite e dia...

Nem percebem que estão atadas ao mesmo tempo, que outras tantas...

Entendes?... Elas são crianças.

Ouça-me com cuidado... Arrume tudo antes de partir daqui... O pronome que demonstra o local exato é falho... Dizes lá ou aí... Nem percebes que ficas sempre junto apenas de ti...

E se a solidão chegar... Guardarás o resto que outro abraça... Perderás o grande gole da vida que é a verdade... Serás fruto apenas das tuas maldades...

Mas, quem sou eu... Um pobre lenhador... Que poda as ruínas... Que tenta plantar uma casa de pedra... Que poda as tuas vontades, antes que elas causem mal a outra flor... Que te ensina o que é o verdadeiro amor...

Mas, quem sou eu... Ninguém... Mais uma personagem... Final.

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