Penumbra azul
Para escrever sobre a solidão, é preciso assistir, desacompanhado, ao ocaso; e jantar sozinho num sábado.
É preciso tornar-me azul diante da luz que emana da tv num quarto escuro. É preciso chorar sem preocupação de que vejam minhas lágrimas, e rir, e ouvir minha risada como um som estranho e distante.
É preciso dançar só, de janelas fechadas, e estar tão isolado a ponto de imaginar alguém c´quem conversar; é preciso querer sair e não encontrar forças; e, se forças encontrar, andar sem destino, sem hora pra voltar e sem ninguém a me esperar.