SEM PREÇO

Qual o valor de uma gota
Quando a fonte já não mina
Quando as nuvens não se juntam
Para transformar-se em chuva
Alimentando as campinas?
Quanto valeria a lágrima
Quando se evita chorar
Por muitas desilusões
Que teimam em não se afastar?
Qual uma gota de orvalho
Sob uma folha de lotos
A vida se faz serena
Que até não se teme a morte.
Uma gotinha de orvalho
Transporta nossa esperança
Alimenta as ilusões como alimenta
Uma planta
Quando evitamos chorar
Para esconder nossa dor
A lágrima também não vai
Alimentar o amor.
O sal da lágrima que brota
Da fonte do nosso olhar
Vem hidratar nossa face
Vem às vezes nos lembrar
Que não são lágrimas somente
Mas um modo de falar
Que mesmo silenciosas
São nossas e não do mar
Que brotam mostrando apenas
O quanto é válido chorar.