Reflexões a respeito de espadas e corações

(escrita em 2004)

Cansei de fugir da dor. Cansei de fugir de sofrer – já conheço a dor, para que fugir?
Cansei de apenas olhar o mar do alto de um penhasco – Agora quero mergulhar bem fundo e pegar as pérolas mais lindas... Na verdade nem é bem questão de estar cansada ou não... É apenas a consciência de que crescer dói mesmo.... De semente á planta, de planta á flores e frutos...

Estou avistando a Luz, e ela é o que desejo..... Estou avistando um lindo jardim, cheio de flores perfumadas, de rosas, girassóis, margaridas e rouxinóis... Se a estrada for pedregosa e machucar os meus pés, engatinho...me arrasto... Mas finalmente, desejo a verdadeira felicidade mais do que temo a dor.

Se a espada que me tornará invencível, precisa antes experimentar meu coração, que venha, então! Eis, aqui está o meu coração, totalmente entregue ao seu fio...

Quero crescer, e parece-me, crescer dói...

Quero aprender sobre o amor verdadeiro, e para isso, preciso crescer. Crescer como ser humano, crescer como mulher, crescer como ser.

Não quero mais refugiar-me no pranto solitário do escuro do meu quarto. Não quero mais buscar o abrigo dos lugares ermos e distantes, nem da terra, nem da minha mente, nem do meu próprio coração.
Não vou ficar abraçada aos meus joelhos, encolhida em um canto, como uma criança assustada e com medo... animal ferido lambendo as feridas...

Agora, neste instante, eu paro de correr da dor de crescer. Estendo o peito como escudo, abro o coração para aceitar a espada em sua plenitude. Enfrento os medos.

Vou de menina a mulher. Vou de semente a flor. Vou de mar á oceano.
Nasci para ser flor, fruto. Nasci para ser feliz, plena, completa.
Nasci para viver sob a Luz.
Não vou fugir ao meu destino.

Como temer a espada atravessada no meu peito, se ela é a viva prova do meu amor? Respiro fundo, solto o ar dos pulmões e o renovo...

Se a dor doer demais, sempre posso sentar um pouquinho no colo do Ancião dos Dias, pedir a Ele para me assoprar as feridas e me dar coragem, remover a angustia, dissipar a aflição.

Sem medo de ser feliz. (Quero um amor maior, um amor maior que eu!)