O charro da fé
Que coisa, fumar Cartier, é como fumar relógios, e as horas arrastadas na ponta da língua.
Isso é duro, mas engolir a língua ninguém quer, pois tudo sonha em passá-la na passa divina do prazer em acreditar. Cuidado com a cinza, que ela voa e faz concorrência aos tapetes cranianos puxados pelas mãos pequenas de fome do saber logo deglutido, e o tempo lá mede-se na proporção inversa ao tamanho das tripas. Quanto mais pode cagar, menos pode pensar. Para mostrar como é, vou aqui descascar os pensamentos de um cubista fiel à fé das pulgas e dos carrapatos. Eu.
Esses bichinhos são como a lógica descomplicada da batata e sabem que Deus é Deus aqui ou em qualquer parte. Por isso estão em todo o lado, mas nem tudo comem. Só quem tiver duas pernas ou engolir Deus mesmo sem elas. Mas saber isso é um segredo muito bem guardado nas cavernas da ignorância mascavada da preguicite que nos transmitem todos os dias os machões, os cabrões, os glutões e os ladrões da verdade. Fazer de conta é uma hóstia em leilão e o móbil do crime é o descargo da consciência no charro da fé...