E era madrugada....e a conversa dos dois se prolongou
por quatro horas. Entre choro e lamentos pedaços de
vida iam sendo contados por ele e ouvido por ela que
para um estranho pareceriam trechos de algum conto
de Saramago ou poesia de Lispetor.
Foram pedaços de chão humano desfilando pelo fone 
de ouvido de ambos como estranhos sons alienígenas que  os faziam sofrer.
E as palavras confundiam-se naquelas almas ator-
mentadas, um pela descrença e falta de confiança, o outro tentando fazer acreditar que eram só arranhões   
na mucosa daquele sonho. Tudo iria passar. 

E a convesa tinha cor de madrugada, porque não tinha cor de nada na verdade.
E os desejos que sempre afloravam nos encontros fica-
vam na sequência lógica e mental da espera, abafados
pelo desejo dos orgasmos telepáticos que esperavam
o término daquela conversa cansativa e triste de
palavras e desacertos.

Por fim, já cansados e amortecidos pelos goles de
martini, resolveram darem-se nova chance.
E baixinho chorando ela diz:
"Vem, o mundo passa rapidamente". E ele amorosa- mente responde: "Não chora querida.  Estaremos bem."

E foram dormir já de manhã.
A madrugada é a hora mais demorada do dia.

SAC RECEBIDO POR EMAIL
ysabella
Enviado por ysabella em 14/07/2009
Reeditado em 28/07/2009
Código do texto: T1698823
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