O Acre-doce das palavras...
O Acre-doce das palavras...
As palavras me seguem?
Ou eu persigo as palavras?
Farejo...
Percorro as letras solitárias do meu interior? Ou seguem-me por trilhas outonais os versos que abrandam a alma?
Escoltam-me os versos no caminhar?
Ou eu os algemei a minha solidão?
Indago, sou por eles indagada...
Respostas são inatingíveis, volume de imprecisa precisão...
Partem de mim quais flechas inflamáveis, por vezes letais versos que proclamam o íntimo que sou...
Assolam qual sol irreparável na tez descoberta as plenas idéias do coração,os sonhos que da mente fluem, lançando-se em rotos papéis que luzem ao olhar...
Um dilúvio de lágrimas cristalizadas tornam-se preciosas letras, argumentos e artifícios que se fundem e afloram num universo denso, um mundo paralelo de poesias...
Agridoce é o sabor que arde. Flutuante o pensar que invade, feito de sal de sementes, atirados ao solo fértil do meu transpirar. Sou então poema pleno, desfeito em líquidas rimas,sou escrita a ressoar...
Como música viajo desertos, eco e refluxo, sou cavaleiro alado...
Retiram de mim o profundo, letras secam meu poço, saciando a sede de ser verbo, de transbordar,
Transgredir...
Agonia-me,
Agonizo... excede o interminável, idéias que se enfileiram,fila que se alonga,baldes que transbordam,a incansável espera...
Peço então que venham, sem fila, sem ordem, aportem e abordem,
Venham versos sem medidas,
Rimas latentes e recorrentes,
Poetar dolente,
Palavras sem guarida,
Letras libertas, imagens da vida,
Poemas voluntariosos,
Obras que transgridem a dor,
Peço que apenas venham,
Desejosas se apenas ser,
Ao mundo pertencer,
Venham e desanuviem sonhos nebulosos, quereres incontidos,
Derramem em Poesia, deponham, destronem o sofrer,
Venham e sejam fluidas,
E sejam exatamente da cor do tamanho da imensidão do desejo de ser poesia...