Claridade
Sem dúvida a música tem um imenso poder em mim, permaneço a sentir-me para baixo, sem vontade, e muito menos com confiança, mas escutei uma canção nova e fiquei viciada, a letra dela tocou-me muito, quiçá por estar a passar o que nela é retratado, ou quiçá simplesmente por gostar de música. Qualquer que seja a razão tiveste o dom de me tocar e arrumar uma "felicidade" esquisita, saí de casa, corri e voltei a correr, quis ficar cansada para tornar a sentir, para tornar a saber que sinto as coisas, sim senti-me bastante cansada, senti-me viva por instantes, mas não desejava parar, então decidi aguardar pelo meu orgulho, e sorri-lhe, sim, mãe, conservei um sorriso para ti, não sei onde o achei, mas ele existiu quando entraste por aquela porta, e decidimos ir dar uma volta as duas, voltamos a sorrir juntas, tornamos a ser somente as duas, que saudades tinha de ti, sei que és tu que me fazes existir mesmo que pense que não, sei que é por ti que me ergo quando me vejo no escuro. Neste instante já não estás aqui, já não estou a sorrir, voltei a contemplar o escuro, mas desta vez tem o teu pequeno toque, existe uma claridade diminuta, mas brilhante neste escuro, neste quarto vazio, mas sei que quando transpassar aquela porta tu vais lá estar, que vais perguntar: "Tati, queres comer algo?", ou simplesmente "estás bem, Tati?" e eu irei sorrir, não irei responder, pois na realidade tu sabes que não estou, tu sentes, tu sabes que não estou, que voltei a cair, mas permaneces aqui, estendes-me a mão e fazes-me acreditar. Um tão ou mais sentido “obrigada”, mãe!