Parada!

Parada!, parada!, paraaada!

Gritam os membros da equipe.

Há pouco conversavas comigo...

Ora jaz inerte no leito verde.

Sem pulso, em aparente assistolia!

Adrenalina, um miligrama, rápido!

Minutos atrás respirava e sorria,

Agora esmago-lhe o esterno, o peito...

Um, dois, três, quatro, cinco...

Centenas de vezes, sem resposta.

A vida inteira tem sido assim,

Em busca de respostas...

Tubo, tubo, tubo, oito e meio!

Laringoscópio sem luz, gente?!

Na escuridão, buscamos a luz...

Busque a luz, minha querida!

Ambu! Ventila, ventila, ventila!

Massageia, comprime, não para!

Lembra que é 30 pra 2! Outro laringo!

Vida curta e com poucos sentidos...

Porque sofremos tanto, meu Deus?

Atravessei as cordas vocais! Ambu!

Ventila! Tórax está expandindo!

Jamais atravessará os setes mares,

Como havia planejado na infância...

Continuem as compressões, não parem!

Você! Adrenalina a cada 3 minutos!

Teu corpo balança a cada aperto.

Ouvi, em silêncio, tuas costelas partirem...

Não esqueçam da Atropina, padrão!

E os exames, onde estão os exames?

Teus pupilos e filhos estão chorando,

Lamentando tua partida inevitável.

As pupilas estão dilatando, abrindo!

Continua... não para, não parem!

Os minutos passam lentamente,

Todos se movem freneticamente.

E você cada vez mais longe...

Segue sem pulso! Sem nada!!!

Chega, chega, chega! Não adianta!

Certamente já está muito longe,

Flutuando pelos céus, ascendendo...

Hora da morte: coloca dez e trinta!

Ajeita e chama a família...

Segue voando...

Não para!

Voando.

Longe.

Adeus,

Até

Lá.