Um lugar chamado aqui

Uma cidade, um povo... uma verdade:

Partir sem dizer adeus, é morrer sozinho.

Mas despedir-se, é cortar a própria carne.

É sentir dor e depois chorar.

Melhor é ir e um dia, bem distante, retoirnar...

Morrer mesmo... só de saudade.

Nostalgia de um lugar ou de pessoas; um

Dia passa. Aliás, tudo passa.

Passam-se as manhãs, as tardes e as noites.

Com elas trazem os verões, outonos, primaveras

E invernos. Vêm os dias, meses, anos...

Então, ao voltar, depois de tanto tempo

Ausente, chega a hora de rever aquilo que

Fora abandonado. Revêem-se os lugares,

As ruas: já não são os mesmos. Onde antes

Era uma praça, encheu-se de pontos

Comerciais. E as ruas, perderam sua

Vegetação; não existem mais árvores...

As pessoas de antes, essas mudaram-se.

Quanto aos velhos e poucos amigos dali,

Já não eram mais amigos.

Aquela geração havia mudado.

Que influências mudaram tanto a vida

E o cotidiano daquele povo? Talvez

Todas. Ou nenhuma. Pois até uma espinha

No rosto, ou uma noite mal dormida,

Muda-se o humor. O que dizer então de

Um caráter, a partir do instante em que

O sol aquece mais forte; a chuva não dá

Trégua, vira tempestade, temporal; uma

Criança que no chão chora desesperadamente

Pelo colo da mãe...

Descobre-se então que quando você vai

Embora, já não faz mais parte daquele

Povo, daquela gente que esquece

Que algum dia você partira ou estivera ali.

E ao voltar, percebe-se que apesar das

Influências de outras culturas... Você

não mudara... você é o mesmo.

Quem um dia limitou-se a se despedir

Foi por medo de chorar. Da dor.

E com isso, apenas uma certeza: um dia

Retornaria.

Mas é ao voltar que você descobre que ao ter

Partido que morrera sozinho sem o seu povo.

Quanto aos que ficaram... Viraram pedras,

Onde pássaros pousam e em seguida

Voam para um horizonte distante.

“Porque pior do que morrer é não ter

Nascido”, e pior que ficar

É partir para morrer sozinho...

Marciela Taylor ( Marciela Rodrigues dos Santos )

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Os textos aqui publicados, salvo indicação outra, são dedicados às amigas Juliana Lopes e Ângela Denise

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Marciela Taylor
Enviado por Marciela Taylor em 10/07/2009
Reeditado em 18/11/2009
Código do texto: T1691814
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