Mimética Dama

Porque me olhas assim,

tão delicadamente de longe...

Porque me perguntas coisas que não

posso responder...?

Porque me maltratas assim!

Ficando tão indiferente,

mimetizando-se em outra,

e esta, não é você!

Trafegando palavras e atos intrigantes

Exibindo-se na beleza e ternura em laços

que não me podem prender

às curvas de seu corpo,

ou na ternura, loucura

ou no tudo de bom

que vejo em você...!

Porque me convidas ruas que

não posso sequer passar!

Porque me convidas a festas que não

posso ir?

Ou porque “dormes” comigo,

balbuciando meu nome,

intimando-me a lençóis

que me aquecem tão juntinho,

apenas em teus suspiros,

e, não entanto, quando me tens,

ao alcance dos dedos,

se afasta e sente medo,

de dizer ou escrever,

o que realmente

quereis de mim...!

Ainda assim,

nega-se a olhar-me de frente.

Será que um dia, vou tocá-la e

sentir seu jeito mais ardente...?

Será que estou condenado a morrer

de sede, enquanto jorras gotículas

em meus lábios, exibindo-se lindamente,

como borboletas em tardes primaveris,

que toquei apenas com minhas lentes...?

Porque vergas palavras tão doces,

se me provocas uma sede de cão que correu

meio mundo, e num segundo,

voltas a fazer-me promessas!

de um dia talvez...!

Sou puro instinto, e tenho pressa!

Estar com você, muito me interessa!

Mas também, sou poeta!

E escrevendo, tento me conter...

É o que me salva... e me tira da agonia

de quere-te tanto...

e, no entanto,

escrevo palavras quentes...

meus pensamentos me atormentam

em noites plenas e frias.

Se não me podes fazer entender,

me deixe aqui somente,

a me iludir de ter você;

e me faça acordar deste sonho

tranqüilamente....

E seguir meu caminho,

a espera de um dia,

poder lhe entender...