SOU UM OVO FUGIDO DO NINHO

(Enquanto eu aquecia um prato de comida e mamãe lavava roupas, comentei:

__Mãe, tô escrevendo um livro!

__Que bom, Filha! depois você coloca esta máquina pra centrifugar, quero aproveitar o sol pra não deixar a roupa com cheiro de cachorro molhado)

(PARA O PATINHO FEIO)

Por hábito e facilidade ao devaneio me coloco a poetar quando o trabalho é mecânico, diferente de mamãe que no tanque se poe como redentora das roupas sujas e pensa nas máculas, apenas das roupas e pensa no sol apenas como agente secador das vestes estendidas. Já tentei manter uma postura profissional no meu momento Amélia, mas quase sempre minh’alma abandona o corpo no trabalho e se perde em pensamentos vãos, o sol me inspira os desejos e a mácula me pôe a cantar os anseios do espírito. As roupas lavadas por mim dançam tango!

Juliana Canezim
Enviado por Juliana Canezim em 06/07/2009
Reeditado em 06/07/2009
Código do texto: T1685536
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