Querida e sempre lembrada
 
Imaruí, SC, julho de 2009
 
Tânia - Cristina:
 
Para mim, mesmo que não acredites, tu te transformaste num lindo presente de todos os dias e num deslumbramento da amizade e do amor.
Quando te ausentas por alguns dias, eu confesso que já sinto a tua falta, por isso, eu chego a pensar coisas que não deveria pensar, por exemplo, que tenho medo de te perder, se é que já te tenho!
Quando não me mandas nenhum recadinho, logo penso que estás me esquecendo de mansinho e, como conseqüência, fico triste e ensimesmado o dia inteiro.
Hoje, eu me acordei e estou pronto a te confessar que não suporto mais essa distância que se estabeleceu entre nós, por isso, precisamos dizer um ao outro, do porque estarmos estáticos diante desse impasse do nosso próprio conhecimento.
Quero te sentir na realidade, mesmo porque o toque será o nosso código mais do que secreto, apreciar o teu sorriso será um deslumbramento para mim, ouvir a tua voz me dará a certeza da existência real dessa linda mulher.
Vivo pensando em nós, pensando se o amor poderá, um dia, atracar-se em nós com o furor de todos os amores. Penso nos teus beijos, talvez, seriam eles doces como o néctar das flores silvestres?
Penso nos desprendimentos naturais dos teus afagos, principalmente agora, neste momento em que estou escutando Enya “Only Time”, até parece que sinto e vou ver a tua entrada triunfal na minha torre dos sonhos, para, linda, leve e formosa me abraçar levando-me a um êxtase incomum, com a presença inexprimível das tuas ternuras.
Às vezes, eu penso que tu não és uma mulher comum, eu chego a pensar que se trata de uma Ninfa que de longe, dos vales, vive me escavando lembranças doces de amor.
Por incrível que pareça, acredito também que essa distância está criando um elo de benquerer indestrutível que está nos amarrando em sentimentos blandiciosos. Tudo me parece transbordante de uma infinitude de amor, mas penso também que a música de Enya me enleva um pouco sem controle para esse estado de espírito empolgante.
O fato é que, eu já estou na eminência de confessar esse meu amor virtual por ti, mas na verdade compreendo que precisamos urgente da chancela do encontro pessoal.
Para o surgimento do amor real, é necessário a presença física, o toque, o sorriso, as palavras, os beijos e os ternos abraços – pois tudo isso identificará o amor.
Mas sem sombra de alguma dúvida, eu já sinto que nasce dentro de mim uma sementinha que espera crescer tão somente com os teus futuros carinhos.
Para encerrar, eu gostaria de te dizer que sempre que posso, penso intimamente em nós, por exemplo, nos bons momentos que poderíamos viver juntos, penso que poderíamos passear pelas praias, pelos caminhos de certo jardim primitivo, pelas encostas da serra, e, em algum restaurante rústico dependurado no abismo das montanhas, fazer a nossa frugal refeição.
Ocasião essa que, com os meus sessenta e sete anos de vida e amor, bem poderia colher lindas flores silvestres, para adornar os teus pretos cabelos de ébano e te entronizar na minha vida para sempre.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 04/07/2009
Reeditado em 04/07/2009
Código do texto: T1682442