Era gente, e não sabia amar
Era mulher, e escondeu-se atras de artifícios.
Era mãe, e perdeu-se atras de desculpas.
Era esposa, e esquivou-se por entre intrigas.
Foi filha, porque a morte extinguiu-lhe a condição.
Foi algoz, porque era sua natureza.
Foi caminhando, esvaindo, tornando-se lembrança.
Dela restou apenas a certeza, pela forma,
De que era gente, e não sabia amar.
Trazia consigo o amargor.
Trazia consigo a dúvida.
Carregou consigo a sina:
"Amar quem não se ama? Impossível!"
Mais fácil é seguir o viver diáfano.
Duras penas guardou sempre o seu destino.
Mas não sabia que as chaves (e ela as tinha em abundância)
Poderiam descortinar diferente rumo.
Preferiu ser gente, poderia ter sido bicho.