Paisagem num Desenho

Desenho o contorno do dia. Um mapa quotidiano grava os sinais visíveis num percurso que traça cada lugar que se respira. Com os dedos figuro a sombra das imagens num vidro. Enquanto desço a avenida das árvores, porque viver não é mais que registar o espelho dessas imagens. E podia comprar o jornal de amanhã para afastar a névoa do desconhecido.

Depois escolhe-se a casa contígua ao mar, a orla do poente estende-se pela vegetação diluída na penumbra. E podia ser a aurora velada nas paredes brancas erguidas sob a luz. Tudo é relativo. Mais próxima a noite regressa na sua circunstância ao areal. Possivelmente, ficar naquele lugar que povoa as pálpebras da memória, por onde desliza a água intacta do teu corpo.

Desenho o contorno do dia. Exsudo a pele ao vento, cumprir o desenho da paisagem.