VIOLÊNCIA MENINA
E seu leve semblante de inocência e encanto apedrejado pelo ritual urbano dos dias. O viço natural dos lábios infantis sufocado pelo vermelho de peso do batom. A serenidade negra da pele virgem mutilada com pontas de cigarros em brasas!
Os motores, a tormenta, os dissabores...
A desigualdade, o caos na cidade...
Uma pedra, o pó, o cachimbo – seu pão – e um corpo deflorado por famintos dementes das ruas...
E sua alma convertida em sangue secretando no sexo carne crua...
E sua dignidade estuprada pela violência da vida...
E sua vida na poeira das esquinas...
E sua vida como noite eterna estraçalhada pela prata pontiaguda de um punhal!