POEMA DE MYRÍADE- I
Para uma Afrodite brasileira.
O que hoje eu te ofereço é apenas um perfume e, nele, nada existe de especial, a não ser que passes a tê-lo e a usá-lo de uma forma diferenciada.
Por certo que o usarás com toda a parcimônia em aspersões suaves e regulares, num ritual sedutor e com toda aquela liturgia dos teus gestos leves, femininos e graciosos.
Somente a ti cabe escolher os lugares a serem perfumados, por certo, escolherás os mais indicados para a possível sedução.
Não que te falte a sedução ou a sensualidade, isso tu tens em abundância, pois tu és envolta por um halo de divina atração.
Apenas eu sei que tu irás destacá-las para quando estiveres a fim de certas conquistas, para, em seguida, empregar as tuas estratégias de ataque.
Ele te deixará mais envolvente e de ti se evolarão aromas inefáveis, com os quais, tu prostrarás os homens, esses pobres e vulneráveis mortais.
Com o teu olhar que tremeluz e com a tua boca que seduz, somados a esse perfume que por certo usarás, tu serás transformada em invencível e causarás inveja aos próprios súcubos.
Mesmo na tua doce simplicidade já és de uma invejável beleza, mormente quando sorris, aliás, esse teu sorriso é um despetalar de rosas em plena e onírica primavera.
Não sou um poeta como tu pensas, apenas, eu sei traduzir aquilo que se me apresenta de belo.
Pois a beleza que te é inerente me seduz, não como uma sedução carnal e desejosa, mas sim como uma interminável sedução envolta por sonhos.
Pois sonhar é para mim um exercício livre, lírico e inconsciente, que faz com que me acorde por dentro e, nessa maneira de ser, sublimo a minha própria existência.
Portanto, deixa-me sonhar!