EU E O VENTO

Vem voando amado vento...

Chegue e brinque em meus cabelos

Sussurre terno em meus ouvidos

O tanto que somos iguais

Pássaros sem asas a voar

Você livre ao ar

Eu cativo vivente

Muitas vezes dormente

Voo dentro...

Peço, então, que seja furacão

Chegue perto

Tire meus pés do chão

E me faça levitar

Você ri do meu intento

Zomba

Sopra longe meu tormento

Diz que ainda não é tempo

Que um dia frio irá chegar

Que minha mão vai segurar

Se o medo a alma eriçar

Mas sei...

Há muitos passos a trilhar

Tenho os olhos a brilhar

E esse assunto pode ficar

Para outro dia qualquer...

Peço então que seja terno

E que espante esse inverno

Seja mormaço, seja verão

Vem...

Descompasse o coração

Desfaça meus cachos

Como quisesse rodar-me em abraços

Sopra em meu rosto um sorriso

Onde quase posso ver seu olhar

Vindo tão lentamente... Brisa...

Tão sutilmente...

Mirando os lábios...

Beijo esperado

Tão carinhosamente calculado

Como se não pudesse tocar...

Enche minha alma de calor

Um pássaro engaiolado e o vento

Fazendo amor...

Parando o tempo...

Almas gêmeas delirantes

Que sabem a hora de ir embora

Ambos inconstantes...

Eu, no que dentro aflora

Você nos seus rompantes

Livres amantes

Vai voar

Vou divagar

Vai firmamento

Vou pensamento...

Até quando fizer a curva e voltar

Até outro tempo de amar...