Uma paixão

Quando os primeiros raios de sol despontaram no horizonte, um pequeno botão de rosa desabrochou naquele jardim florido de azaléias, orquídeas e margaridas. Suas pequeninas pétalas ainda estavam encharcadas pelo orvalho da manhã, mas a exuberância de sua cor rubra já a destoava das demais flores. Amante do calor, logo espreguiçou as pequenas folhas que a enfeitavam, desfrutando do sol que já mais alto se encontrava. Não demorou muito para que várias borboletas a viessem saudar, espalhando a notícia da beldade surgida no jardim para as abelhas e para os beija-flores, fiéis companheiros na arte de apreciar a beleza da vida. A pequena rosa logo se tornou o centro das atenções daquele belo jardim, desenvolvendo-se de forma esplendorosa. Todos ali cuidavam para que nada de mal lhe acontecesse: como era sensível ao frio, as azaléias cobriam a pequenina com sua largas folhas, protegendo-a do vento; constantemente incomodada pelas formigas, logo alguns escaravelhos se puseram em prontidão para defendê-la. Mas havia um detalhe que a tornava única: mesmo à noite, permanecia radiante, com suas pétalas vigorosas e perfumadas, certamente se deliciando com o luar e com o brilho das estrelas. Era realmente única, defendia-se com seus afiados espinhos, mas, ao mesmo tempo, aplacava os corações com seu inconfundível perfume.

Já faz algum tempo que me foi concedida a honra de regar diariamente aquela rosa, de manter limpo o jardim ao seu redor, de adubar a terra para mantê-la sempre vigorosa, de protegê-la do frio, enfim, de cuidar para que suas pétalas não caiam antes do tempo e que sua cor rubra continue a servir como um farol para o jardim. O que me emociona é sentir que não posso mais viver sem sujar minhas mãos na terra, sem poder observar a graça da flor ao balanço do vento, sem seu perfume... Fiz minha morada naquele jardim e a minha vida hoje é cuidar daquela rosa.