Treva poética

Perdeste o amor que antes nutrias pela poesia

Hoje tu andas por guetos, por veredas assustadas

Em sombras de orgia, longe da lógica que pensava ser

Filosofia. Tua clara visão se turvou, não sentes mais

O aroma que exalam as flores e os amantes noturnos.

Embriagas-te com discursos insalubres, te encostas

Em árvore infrutífera. Não edificas nem és

Capaz de instruir uma criança, quando o assunto

É sensibilidade. Perdeste de fato um coração.

Teu sangue é parco, às vezes incolor, não tens partido

Nem crença. Todavia, também não possuis amigo

Nem inimigo. Como ondas que partem ao cais da morte

Assim, pulsa em teu peito uma máquina, como um relógio,

Frio. O teu olhar não mira em outra direção,

senão para o teu umbigo.

Evan do Carmo
Enviado por Evan do Carmo em 01/07/2009
Reeditado em 07/07/2009
Código do texto: T1676427