Na casa 42

São 50 casas na minha rua, 25 de cada lado do pista, uma em frente a outra, moro no numero 42. são 4 casas para a esquerda, e 20 casas à direita. Saio para fumar um cigarro, vou ate a ponta mais próxima, é um percurso longo quando é madrugada, ninguém está acordado, vejo a luz de algumas televisões ligadas mas sei que são apenas imagens para paredes pintadas. Não sou de papo com meus vizinhos, mas sei que todos são de bem. Sempre parece frio quando se está só, não quero mais fumar, jogo o cigarro fora ainda pela metade,fico desanimado até para meu vício quando me sinto só. Tenho um amor mas ela não pode estar sempre comigo. Mais uma vez fico triste apenas por pensar que estou só, só, mesmo acompanhado. Paro em frente a casa 42, o vento assobia aqui fora , todo o corpo treme, mas não sinto falta do calor, estou feliz mas não gosto de expressar, por mais estranho que pareça a minha cara fechada não me cansa. Não tenho que mostrar a ninguém minha alegria. Penso nos acontecimentos da semana,fui chamado de egoísta, não fico incomodado com isso, já sabia deste fato. Sempre levei minha vida sem querer precisar dos outros, mas faço o possível para que não se envolvam comigo. É um pensamento vazio sim, mas não quero pensamentos melhores, estou bem com este. Volto para dentro de casa, a casa 42, a TV está ligada , ligada para as paredes, ninguém à assisti-la, não que precisasse pois nada presta la mesmo. Me sinto ranzinza quando penso que não discuto programas inúteis com outras pessoas. Paro. Analiso. Volto atras no meu pensamento, não sou melhor que eles, só tenho uma visão mais centrada. Vou escrever tudo que passei e que pensei, parece uma eternidade quando se lembra do que fez e pensou, mas mas foram só 15 minutos. Penso em meus leitores, os que tenho conhecimento. O que será que pensam de mim? O que será que comentam? Até onde sou conhecido? Penso em quem são as outras pessoas que leem e eu não sei quem é, porque não consegui capturar suas mentes? Penso que serei conhecido, mas tenho que achar aqueles que me gostam. Respiro fundo, procuro terminar e então dedico meus pensamentos aos bons leitores, pois não existe texto se não pelos leitores que os sabem apreciar. Bons textos, bons leitores,a única coisa que realmente existe, é o poder do gostar ou não de algo. Gosto de pessoas que não gostam de mim, e não ligo para o fato de não gostarem. Vou sair novamente, o frio e o vazio da rua parecem me atrair, o escuro e a falta das vozes ou dos olhares me conforta, doce silêncio triste e tao imponente, o calor de multidões com assuntos vazios me incomoda, acabo por acreditar que a solidão me consola, que p silêncio me leva a falar, pego minha jaqueta, o maço com 17 cigarros ainda, o isqueiro, e por mais uma vez me levo a pensar, só e comigo mesmo, na noite, no frio, e na solidão de uma longa madrugada.

besouro
Enviado por besouro em 30/06/2009
Código do texto: T1675534