Zé Brasil, Uma Mente Infantil
Nasceu o dia! Não um dia qualquer, mas um dia especial. Lá fora, pássaros multicoloridos, com plumagens de formas variadas, que cantavam alegremente e o som se espalhavam pelo ar, em harmonia com o estalar das asas do acasalamento das borboletas, asas essas de cores fortes e vivas, tão lindas, que chegavam a encantar ate seus predadores.
Naquela manhã, o sol brilhava com uma intensidade impressionante, parecia uma estrela de primeira magnitude. O vento rebatia suavemente as faces das folhas verdes das belas árvores. Em meio de tanta beleza, um senhor, de pele morena e com algumas rugas de seus sessenta e três anos de experiência, os olhos eram castanhos, os cabelos, esses eram brancos como leite e bem finos, alguns fios até translúcidos. Apesar dos traços da idade, tinha plena consciência e lucidez, e era cheio de vida, saúde e felicidade. Seu nome, José Brasil da Silva, ou apenas, Zé Brasil.
Zé Brasil, ao colocar-se por ver através de sua janela toda a natureza que o cercava, uma imensurável felicidade o tomou por completo, sabendo que aquele era o mundo tão belo ao qual ele habitava. Saiu então, Zé Brasil, para contemplar tudo aquilo mais de perto . Eram tão limpas as ruas, arborizadas. Os animais pareciam ter forte relação afetiva com o homem. Nos lagos que ali existiam, peixes saltavam e novamente mergulhavam nas águas cristalinas, enquanto às margens, namorados passeavam. Que maravilha, aquilo tudo era de mais, não havia como Zé Brasil deixar passar em branco. E ele, com seu jeito galante de ser e feliz de viver, havia ao menos de fazer uma poesia para eternizar essa intensa beleza, e a fez:
Em minha vida nunca vi dia tão belo,
Parece com os tempos dos castelos,
Como se o Rei fosse eu.
Impressiona tão linda natureza,
E isso só me traz mais certeza
Que essa é a terra de Deus.
Pardais com alma de fênix
Encantam o céu ensolarado,
As árvores dançam, não tremem,
Sobre o chão, por flores enfeitados.
Ao finalizar sua poesia, escuta estranhamente um pássaro cantando um interminável “trim-trim” e, quando se da por ver, Zé Brasil percebe que foi acordado por seu despertador. É mais um dia de trabalho e o fim de seu sonho. Sonho de um mundo perfeito, que só existe na mente inocente das adoráveis criancinhas e dos doces velhinhos.
Walter Vieira da Rocha, 05/09/2005.