Dai-me, fulano.
- Dai-me emprego, senhor doutor?
- O que fazes, senhor fulano?!
- Sou esforçado, aguento a dor!
- Nada quero, não é meu plano.
- O que queres senhor, então?
- Quem não faça revolução!
- Pois sou pacato, creia em mim...
- Resistindo à dor até o fim?!
- Dor de suor do ofício, digo!
- Dor é dor, em rico ou mendigo.
- Enfim, não me dá trabalho?
- Valentes dão muito trabalho.
- Trabalhe em casa, João!
- Como assim, seu fulano?
- Tenho a tua solução!
- Algo bom sem viés?
- Yes! Marketing multi-nível!
- Mas não quero ser vendedor...
- Ficarás rico, é possível!
- E por que tu não és?
- "Dai-me forças, Senhor".
- Ingresso sobrando compro, ingresso não tendo vendo!
- Ingresso fulano vende? A quanto é que pretende?
- O melhor preço da praça; o melhor é o que pretendo!
- Só mesmo se for de graça, dizer isso te ofende?
- Dai-me um bom motivo; de graça nem marmelada!
- Motivo lhe tenho só um: a partida foi cancelada.
- É aqui o santuário? Por acaso está em horário?
- É sim, amigo fulano. Queres algum relicário?
- Santo Daime.