Caçadora de nuvens
Ouvi, certa vez, uma estória sobre um japonesinho que queria alcançar nuvens. Ele esticava seus bracinhos e ficava na ponta dos pesinhos, mas ainda era muito pequeno, e não conseguia tocar o céu. De tanto insistir com seus pais, conseguiu permissão para subir o monte Fuji, e lá se foi numa longa caminhada. Quando chegou ao topo, tirou da sua mochila uma porção de sacolas e tentou enchê-las com as nuvens. Quando percebeu que não conseguia enchê-las, sentou-se e chorou por várias horas.
Quem és tu?
De onde vens?
E por que é que estou tão inteiramente em ti?
O fato é que não sei quais serão as próximas coisas horríveis que farás para mim, e não tenho certeza se quero descobrir.
Em quantos pedaços me quebrarás da próxima vez?
Serei capaz de colá-los todos de volta no lugar novamente?
No início das coisas sentia, quase todos os dias, pairando no ar, teu cheiro durante algumas horas. Depois, pensei estar curada daquela paixão fumegante da qual fomos cúmplices e vítimas. Mas agora, nesse exato momento, me bateu um vento frio e logo em seguida, uma brisa; uma leve brisa carregando o teu perfume; uma prévia do teu aroma. Não sei como devo me portar.
Não entendo nada sobre culpa. Não desconfio as regras do amar. Mas também não quero ser para sempre uma caçadora de nuvens.