“O Vô Mito da Caverna”
Neste momento estamos nas nossas “cavernas”. Sentimos-nos como uma tribo de depilados dos ódios e amorosos trogloditas. O fogo que nos ilumina neste momento é um fogo diferente, porque ele vem de cima. Está ardendo dependurado como uma luminosa estalactite, no teto destes úteros secos que protegem de nós os animais selvagens lá de fora. Os seus medos nos obrigam ao isolamento porque eles não resistem às nossas flechas de afiadíssimas pontas de frases acusativas, que finalizam sempre com envenenadas e mortíferas interrogações, anzóis virados de cabeça para cima, que os fisgam, e que eles, peixes papa-lixo, não conseguem desentortar com suas respostas autoabsolvitórias. Eles não querem que saiamos ao exterior. Por isto é que eles nos preferem aqui, como os preferimos lá.
Estamos separados por míseros passos, mas estamos há “anuais luzes” de distância. Eles são pontos do círculo de inimigos que amam reunir-se “num baile a fantasias de amigos” para se odiarem mais de perto, competindo uns com os outros com os tesouros de suores roubados, materializados em quinquilharias que desalimentam e são embandeiradas em folhas verdes da macieira que evicta a Paz e os leva permanentemente a acender e fumar seus cachimbos da guerra.
Eles sim, foram que se separaram de nós, nos jogando ao abandono nesta Planeta Terra – porque ela é feminina – transformada de Mãe em “Creche das Almas dos Cavernistas” que somos criados por “Tias” parentalmente nossas por laços de dinheiro e, depois, no curso primário, deseducados e alimentados, girafas humanas, com folhas em nuvem e pó, por “Tios”, professores de tiros que sempre acertam em nós mesmos. Ah! A Alma... Substância que eles já não têm e desconhecem, porque as suas venderam para comprar as máscaras de poder apodrecidas que perguntam: “Por que os jovens deste lugar do Universo precisam do Amor líquido, em fumaça e em pó”? Hipócritas mentem não saber que eles mesmos constroem o alcoólico, fumacento e empoeirado caminho dos nossos vícios quando, insensíveis, vagabundos e preguiçosos, socam nas nossas bocas de bebês a viciante chupeta de borracha – se valorizam tão pouco que se substituem por um balãozinho de látex - overdosada de sal de cana, que não tem voz, clitóris de borracha, para as cantigas de ninar e, por ser maneta e sem lábios, fica devendo a doçura dos ternos carinhos e beijos que nos fariam não querer pegar no sono para podermos, espertinhos, os continuarmos recebendo por horas, adiando o sono e adquirindo o vício do Amor.
Esta é a montanhosa diferença que une a nossa pequena e higidamente insana Tribo à doente multidão dispersa deles, e nos mantém, por repulsão, distantes. Por isto é que preferimos as nossas cavernas nas companhias dos Chaplins, Lennons, Quintanas, Ghandis, Jesuses, Sidhartas e todos do Amor, enquanto eles preferem o seu descarado e mascaradamente solitário “lá cônico”, funil que os conduz à boca do poço dos vazios, que precisam de metal para ter desamor “em carne” morta de Amor; infelizes que precisam de máscaras para ter face. Os “justos” que conseguem se absolver do crime de apenas nos proporcionar o miserável sonho dos desmaiados.