Não sei o pretendes...
Sandra M. Julio
Não sei o que pretendes...
De ti, apenas o silêncio em minh'alma brinca sonhos que julgo apenas meus.
Minha bola de cristal quebrou... E sem ela, não tenho como saber o que se passa em teu coração, não conheço os sonhos nem os caminhos que nele debruçam.
Apenas sei do silêncio, cruel adaga, sangrando o cotidiano de todas as dúvidas e senões.
Ignoro se meus sonhos reverberam em tu'alma, sei apenas da realidade e de um calendário, brigando o cansaço do meu olhar no despir de estações e dúvidas, onde ainda insiste, a falta das tuas palavras.
Esclareça-me os capítulos que ainda não escrevi, odeio a quietude das dúvidas, mas não entendes o advento deste amor.
Já não conheço o princípio dos meus dias, pois perco-me nas incertezas que entardecem tua ausência. Sabe...
A pretensa calmaria dos meus olhos esconde tantos sonhos...
Sou amadora nesta história de amor, não entendo de exatas reações, nem sei palavras e gestos estudados.
Exponho-me ao espelho e vejo que falhei, pois encontro meu olhar vazio, rosto sem máscaras, coração só, na estranheza do cotidiano desta tua real e constante indiferença.
Meus olhos falam de mim e por mim, inútil querer silenciar a verdade do que sou, pois são estas certezas que definem a posologia de todas as incertezas, contando minha história.
A essência, desajeitada e tola, ofertou-me as letras para desenhar o perfume do teu silêncio.
Desabilitada de mim mesma, entrego-me às estrelas... Fluo à fonte da solidão onde o luzir da introspecção entrega-me as rédeas da realidade, fazendo da tua ausência convite, passagem solitária para esta viagem que também chamamos, vida.
Sandra
17/03/08