Shabbat

Gosto amargo nos lábios desses ínumeros cafés que tomei para me manter acordada após uma noite inteira sem sono, jogada num sofá enquanto qualquer filme passava em qualquer canal da televisão sem conseguir definir o que era realidade ou fantasia disso tudo que vivi nessa noite, nesse dia, ou qualquer outra medida temporal meramente inútil quando o que apenas importa é tentar ouvir a sua voz nesse silêncio, a sua voz nos seus poemas, a sua voz cantando qualquer canção de amor ou não, a sua voz nos teus olhos sujos de ópio e de sonhos desfarelados em longos goles de alcool e de vários cigarros que queimaram até virarem cinzas, essas cinzas que eu insisto em dizer que são apenas minhas.

Minhas mãos intáteis tentaram encontrar algo de você em algum livro ou em algum lp velho e empoeirado escondido em qualquer lugar onde geralmente os meus olhos não se importam

porque não há sentido nisso, mas houve, e eu sei que você estava ali a cada canção do Abbey road e em cada verso de Vinicius que eu relia e em cada cigarro que eu fumei olhando perdida para o céu tentando encontrar a lua, minha velha companheira de solidão, em meio aquele nevoeiro que nada mais era do que essa minha confusão no final deste sábado.

(se eu abaixar o volume das músicas e da sua voz nas minhas lembranças, se ouvirá alguma oração semelhante a essa minha.)

Katrina L
Enviado por Katrina L em 19/06/2009
Código do texto: T1657141
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