DA MINHA MAIS FIEL AMIGA...
No princípio, fui feliz...
Tive o seio doce da minha mãe, o colo meigo do meu pai, a imitativa admiração pela minha irmã mais velha, as irritativas travessuras do meu irmão mais velho, a adoração instintivamente maternal pelo meu irmão mais novo... tive tudo e mais um bocadinho que já nem lembro, mas, sei, me fez bem, e me fez melhor...
Ah!, amigas, também tive amigas! Amigos não, que a escola era só de meninas, e nesse tempo as meninas brincavam à patela e os meninos à bola... os meninos, com uma mosquinha morta espetada numa agulha de pinheiro, caçavam abelhas: "abelhinha, abelhinha, pega lá a tua mosquinha..."; as meninas, com duas agulhas de pinheiro, aprendiam a tricotar...
...Mas amiga, amiga, amiga de trazer pelo peito, pelos olhos, para levar sempre comigo até às nuvens, para levar sempre comigo para todo-o-lado, só tive uma. Já nem sei desde quando, desde sempre, acho. Quando olho para trás, lá estão as suas pegadas ao meu lado, marcadas na areia feita dos anos somados aos meses, somados às semanas, somadas aos dias, somados às horas, somadas aos minutos, somados aos segundos... da minha vida.
Com ela brinquei de heroína, de vilã, brinquei de menina, de senhora, brinquei de amor, de ousadia, brinquei de pioneira, de vencedora...
Ela foi sempre minha confidente e cúmplice: reparti com ela os meus sonhos de amor, de sucesso, de glória. Chorei com ela as minhas desilusões, os meus fracassos, as minhas fraquezas...
Ah, e juntas vivemos tantas situações mirabolantes!... Inventávamos enredos, encenávamos peças de teatro que só nós víamos, dirigíamos filmes cheios de acção que só nós aplaudíamos (às vezes, ou quase sempre, eu era a actriz principal!...), escrevíamos
livros (sim, os livros que nós escrevemos!!...)!!
E ela, como boa amiga, socorría-me sempre nas situações mais delicadas e também nas mais exigentes: era só a Realidade pedir, e lá vinha ela, fértil de Criatividade, dar-me uma mãozinha!...
Às vezes era ver-nos falar sozinhas! Muito falávamos uma com a outra!...
Minha querida amiga!...
Pensando bem... desculpem, voltem lá acima ao parágrafo que começa por: "Com ela brinquei..." e releiam os verbos todos no presente do indicativo, sim?... É que... ela, confesso, ainda é a minha melhor amiga, do peito e à mão... Há-de ser, acho eu, para sempre, ou enquanto eu tiver faculdades mentais para a reconhecer ao meu lado...
Não!..., mesmo que eu não a reconheça, sei, sei de sempre, que ela vai estar para sempre a meu lado... a minha querida, fiel, leal...
IMAGINAÇÃO!
No princípio, fui feliz...
Tive o seio doce da minha mãe, o colo meigo do meu pai, a imitativa admiração pela minha irmã mais velha, as irritativas travessuras do meu irmão mais velho, a adoração instintivamente maternal pelo meu irmão mais novo... tive tudo e mais um bocadinho que já nem lembro, mas, sei, me fez bem, e me fez melhor...
Ah!, amigas, também tive amigas! Amigos não, que a escola era só de meninas, e nesse tempo as meninas brincavam à patela e os meninos à bola... os meninos, com uma mosquinha morta espetada numa agulha de pinheiro, caçavam abelhas: "abelhinha, abelhinha, pega lá a tua mosquinha..."; as meninas, com duas agulhas de pinheiro, aprendiam a tricotar...
...Mas amiga, amiga, amiga de trazer pelo peito, pelos olhos, para levar sempre comigo até às nuvens, para levar sempre comigo para todo-o-lado, só tive uma. Já nem sei desde quando, desde sempre, acho. Quando olho para trás, lá estão as suas pegadas ao meu lado, marcadas na areia feita dos anos somados aos meses, somados às semanas, somadas aos dias, somados às horas, somadas aos minutos, somados aos segundos... da minha vida.
Com ela brinquei de heroína, de vilã, brinquei de menina, de senhora, brinquei de amor, de ousadia, brinquei de pioneira, de vencedora...
Ela foi sempre minha confidente e cúmplice: reparti com ela os meus sonhos de amor, de sucesso, de glória. Chorei com ela as minhas desilusões, os meus fracassos, as minhas fraquezas...
Ah, e juntas vivemos tantas situações mirabolantes!... Inventávamos enredos, encenávamos peças de teatro que só nós víamos, dirigíamos filmes cheios de acção que só nós aplaudíamos (às vezes, ou quase sempre, eu era a actriz principal!...), escrevíamos
livros (sim, os livros que nós escrevemos!!...)!!
E ela, como boa amiga, socorría-me sempre nas situações mais delicadas e também nas mais exigentes: era só a Realidade pedir, e lá vinha ela, fértil de Criatividade, dar-me uma mãozinha!...
Às vezes era ver-nos falar sozinhas! Muito falávamos uma com a outra!...
Minha querida amiga!...
Pensando bem... desculpem, voltem lá acima ao parágrafo que começa por: "Com ela brinquei..." e releiam os verbos todos no presente do indicativo, sim?... É que... ela, confesso, ainda é a minha melhor amiga, do peito e à mão... Há-de ser, acho eu, para sempre, ou enquanto eu tiver faculdades mentais para a reconhecer ao meu lado...
Não!..., mesmo que eu não a reconheça, sei, sei de sempre, que ela vai estar para sempre a meu lado... a minha querida, fiel, leal...
IMAGINAÇÃO!