Eu queria ser mais

Eu queria ser mais gente

Para gastar minhas energias plenamente

O meu eu é extrapolado

Em sua inércia e ações

E com toda sinceridade

Age com segundas e terceiras intenções

Eu acha tudo razoável

Quer experimentar cada sabor invisível

Se estiver calmo é sereno

Se não estiver em veia boa

Dá coices e ainda grita com as portas

Engole as coisas pela artéria aorta

Logo põe o dedo na garganta e as vomita

Mas nem assim é bulímico ou suicida

Um eu com roupa de frio e pés descalços

Dono de si e incerto dos passos

Tem o corpo inteiro curioso

E o mistério no meio dos ossos

Eu que prevalece em nós

Tendo os genes de todo mundo

E mantendo sua singularidade

Eu que escreve um texto

Lendo neste plenas ambigüidades

Então sai circulando pela cidade

Intentando espairecer a mente

Sem buscar nenhum endereço

Anda a ponto de achar um lugar interessante

E ali para por uns instantes

Ao pensar em ir embora

Sai no escuro à esmo

E quanto mais anda

Mais toma distância de casa

Pois saiu sem mapa

E opta por não perguntar aos outros

Sobre endereço nem nada

Se cansa um pouco andando

Senta em qualquer lugar

Nessa parada vê uma placa

E vai indo na rota dela

Vai seguindo reto e olhando em volta

Até que para casa volta

Gostando da aventura bizarra

Outro dia volta onde se perdeu

Fazendo com amigos farras

Mas não sente aquela emoção

Do dia em que esteve ali só

Num lugar desconhecido

Um eu que queria ser nós

Para ser mais

Nós desatados

Soltos

(Neire Ariadna – Todos os direitos exonerados ;D