A loucura
O que me assusta não é preço alto do pão
Nem o avanço criminoso do capitalismo
Nem as armas nucleares em desenvolvimento
No Irã ou na Coréia socialista do norte
Nem me incomoda o atraso religioso do oriente
Se há conflitos étnicos africanos,
Se ainda católicos e protestantes se matam na Irlanda
Nem da luta infinda do torá e do alcorão dos muçulmanos.
Não me importa a tirania de Hugo chaves
Pouco sei dos valores e dos sofrimentos dos iraquianos.
Nem qual país será o próximo a ser colonizado pelos americanos.
Sou poeta e para tal oficio não requer sapiência universal
Sei da lavoura e do tempo, perceber um temporal
Não sei das coisas sagradas, pouco rezo, sou mortal.
Mais sei de uma coisa apenas, que é viver puro igual
Alcançar cedo ou mais tarde um céu cinzento real
Para descansar meu espírito de correr atrás do sal.
Nos braços da musa certa, não temer a dor nem mal
Colher a vinha seleta, recitar do meu poeta um poema visceral
O poema dos doentes, dos pobres fracos dementes, eis meu destino fatal.