REFLEXÃO
Guardo tantas coisas que não uso,
Por que?
Para que essas roupas inúteis
Armazenadas, em meu guarda-roupa.
Será que esses vestuários usados, amontoados
Me trazem prazer...
Existem peças que traças já começaram a roer.
Está muito frio lá fora,
Ouvi noticiário, outra frente fria vai chegar,
Isso não me diz nada...
Aquele andarilho que vejo da minha janela,
Próximo à rodoviária,
Desfigurado, feição triste, esfarrapado,
Dos pés a cabeça,
Suas vestes rasgadas,
Não me diz nada?
Enquanto meu guarda-roupa está abarrotado,
Meu olhar fixo lá fora,
O tal cidadão, passa de porta em porta,
Percebi, claramente, quando ele bate esperançado
À procura de um simples vestuário...
Isso não me diz nada?
Quando a gente se faz de cego, mudo ou surdo,
Destruímos o dom da inteligência,
A onde fica,
A partilha, solidariedade, justiça e a consciência?
Quando o tal homem subiu, quis bater a minha porta,
Fui eu, que anunciei primeiro,
Ofereci tudo aquilo
Que não estava me servindo,
Só aí que pude perceber que dei afeto a alguém,
Num gesto de não ser comodista.
Ofereci calor...
E, no instante da doação refleti:
"Se juntarmos muitas coisas
De que não precisamos para viver,
Elas poderão se tornar bastante pesadas
E nosso Espírito não se poder levitar,
Quando do nosso corpo se separar
Para conseguir ao firmamento voar,
Encontro da verdadeira vida,
Devido á estrada estreita esperançada,
Conforme prometeu Jesus,
Nos bem-aventurados...