UM INCIDENTE
Erguido do oiteiro alpino, pisa o sol no orvalho cristalino e aquece caprichoso com retalhos de ígneos raios a planície, os galhos e frondíferos troncos que escondem a preguiça de um riacho borbulhante.
Do alto, um vulto de olhos penetrantes busca um peixinho nas águas, onde todo dia vai lograr o seu manjar.
Arremete o corpo, garras e asas perfiladas em velocidade esfuziante cortam o ar. Por trás do mato, eis que surge de repente outra ave que voa pro riacho; tranquilamente faz dessa água corrente sua festa, seu lugar onde as manhãs são sempre generosas.
O rapinante tão veloz e já bem perto do riacho não consegue a sua rota tenebrosa desviar. Guina as asas, leme de cauda aberto e já não consegue parar.
bate na ave vigorosa e arremete contra as pedras esfarpadas; se arrebenta.
A forte ave que voava baixo, lenta, vê as penas na espuma flutuando;
bica a água, engole um peixe e outro tenta, faz a festa no riacho e sai voando...
Texto já publicado no Recanto