M I S É R I A
Você vivia,
alguns centavos a implorar
e eu as vezes, estes centavos
não tinha para lhe dar!
E quando isto acontecia,
você se emburrava
e no quarto corria a se fechar,
dias e dias ficavas
sem comigo querer falar, eu,
preocupado, mil coisas queria lhe dar.
Dizias não comer, e não queria me ver,
há, mas comer, você comia,
porque havia uma mais débil
que no quarto, alguma coisa de bom,
sem ela mesmo provar, escondida
com jeitinho ia lhe entregar.
O beiço caia, dizias me odiar,
porem sabias que eu, com ternura
vivia somente para lhe amar,
mesmo assim deixava o ciúme lhe dominar
e na ânsia de lhe querer sempre mais,
mil vezes vim a lhe perdoar.
Mas, estupidez associada à burrice,
encaminha um amor ao fim,
e mais cedo do que eu previa
abruptamente viemos a nos separar.
Sigas seu caminho e procure achar
Um outro, que centavos possa lhe dar,
Porque eu, hoje, por mais que tenha,
Em sua companhia nunca mais quero estar.
E mesmo aquela, que algo ia lhe levar,
Também emburrou e já não quer lhe ajudar.
Por isto, esqueça seu orgulho,
Já que eu nada mais vou lhe alcançar
Baixe a cabeça e pelas ruas de Torres, saia,
estes mesmos centavos a implorar
e quem sabe em algum ordinário qualquer,
um certo tempo, você possa se encostar