Quantos sóis?...
Quantos sóis eu caminhei…quantos sóis hei-de caminhar? – Sobre as linhas que tracei…sobre as linhas que hei-de traçar?
Destino incerto, aquele que me espera…que destino terei que enfrentar?
Não sei se alcanço a quimera …não sei se consigo lá chegar.
Quantos versos eu farei? Até que o tronco que envergo…dê de si a fraquejar … e todos os sóis que caminhei…sejam janelas para eu descansar.
No meu caderno, quero deixar, versos que não cantei, versos para recordar. Passos que segui, conselhos que escutei…nem sempre os ouvi…acabei por errar...
Na minha vã filosofia, para trás sei que deixei, sonhos e alma vazia, tempos em que tudo sorria e até os sonhos eram verdade…o tempo era abundante …a esperança acordava comigo.
Nas manhãs, havia um sol brilhante.
De todos esses sóis, sorvi o néctar e o mel guardei, viajei no tempo, como peregrino sem rumo, com a esperança em prumo, num veleiro de palavras, num veleiro de sonhos, depositei meus encantos, por tudo o que vi, por tudo que toquei e em discordâncias …chorei.
Neste veleiro de sonhos, as saudades pintei, em manuscritos bordados, pela pena talhados e as saudades enfeitei.
Veleiro peregrino, levará a qualquer destino, alma desnuda que grita, que chora, p’los pedintes lá fora, sem nada poder fazer …
Apenas a pena devora, estas larvas que explodem, que inundam esta alma que não pára de escrever.
Cecília Rodrigues-2009