Quintal

Não conhecia a pressa do tempo.

Este era, então, generoso...

Nas manhãs de vozes fugidias, o despertar era doce e vagaroso na claridade que, pelo postigo, invadia.

Os dias longos, no interminável quintal, tinham o cheiro da fruta madura, da terra molhada, prenúncio da chuva.

E observava os passos lentos, em volta da casa, a cuidar das roseiras.

E ouvia a voz no alerta zeloso: cuidado com as rosas, são lindas, mas podem ferir... mas comia as pétalas e quebrava os espinhos.

Não sentia a dor que o remédio não alivia.

Este era, então, o carinho de um beijo no corte...

As raízes da árvore que crescia, rompiam o chão de terra batida onde a folhagem caia.

Catava as folhas, observava o caminho de suas nervuras e rasgava a lâmina para sentir o cheiro do verde... mas, depois, devolvia ao quintal eternizando o momento.

Não sabia da saudade que nascia a cada folha caída com o vento.